"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos" 1Pedro 1:3

sábado, 21 de janeiro de 2012

 

Fontes Transcendentes de Ternura
por John Piper
A ternura de Deus para com os humildes está arraigada em sua auto-suficiência transcendente. Isto significa que aqueles que amam enaltecer a grandeza de Deus (o que todos deveriam fazer, de acordo com Salmos 40.16) precisam deleitar-se na ternura para com os humildes. Deus exalta a sua auto-suficiência transcendente por amar o órfão, a viúva e o estrangeiro.
Deus é Deus sobre todos os outros deuses. Ele é o Senhor sobre todos os senhores. Ele é “grande”. É “poderoso”. É “temível”. Com base nesta grandeza, Moisés disse que Deus “não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno”. Tudo isso enfatiza a auto-suficiência transcendente de Deus. Ele não aceita suborno, porque não tem motivo para aceitá-lo. Deus já possui todo o dinheiro do universo, e controla o subornador. Ele está acima dos subornos como o sol está acima das velas ou como a beleza está acima dos espelhos.
Moisés também disse que Deus não faz acepção de pessoas. Ou seja, Ele não tenta conquistar o favor de alguém por meio de tratamento especial. Fazer acepção de pessoas é outro tipo de suborno, não com dinheiro, mas com tratamento privilegiado. Deus está acima disso, porque não precisa do favor dos outros. Se Ele quer que algo seja feito, não fica preso a estratégias coercivas. Ele simplesmente o realiza. Fazer acepção de pessoas é o que você faz, quando não pode enfrentar as conseqüências da justiça. Mas Deus não é somente capaz de enfrentar essas conseqüências, Ele é a fonte de toda capacidade de enfrentá-las. Deus não depende de ninguém, além dEle mesmo. Ele é transcendentemente auto-suficiente.
Agora, temos a parte mais preciosa. Com base nessa auto-suficiência transcendente, Moisés disse que Deus “faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestes”. Visto que Deus não pode ser subornado pelo rico e não tem deficiências a serem remediadas por meio do favoritismo, Ele trabalha em favor daqueles que não se podem dar ao luxo de pagar subornos e que nada têm para atrair a parcialidade dEle — o órfão, a viúva e o estrangeiro. Esta é a razão por que eu disse que a ternura de Deus para com o humilde está arraigada em sua auto-suficiência transcendente.
Em seguida, temos a aplicação no versículo 19: “Amai, pois, o estrangeiro, porque fostes estrangeiros na terra do Egito”. Isto não deve ser feito por sermos transcendentemente auto-suficientes. Deve ser feito por sermos os beneficiários da abundante plenitude transcendente de Deus. Visto que o nosso Deus transcendente age por nós e nos satisfaz consigo mesmo, podemos nos unir a Ele em condescendência. Esta é a razão para crermos que continuaremos a ser beneficiários, se não tentarmos suborná-Lo com nossas obras ou exibir-nos para conquistar a predileção dEle. Se nos reconhecermos como pessoas em condição de desamparo, semelhante à de uma viúva, de um órfão ou de um estrangeiro, e dependermos da espontânea graça futura de um Salvador auto-suficiente, seremos amados para sempre. E, sendo amados dessa maneira, teremos poder e prazer em amar como somos amados.
Isto é o que está subentendido em Tiago 1.27: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações”. Esta é a verdadeira religião, porque flui da auto-suficiência transcendente de Deus, é sustentada pela sua graça e ecoa para a sua glória. Isto não corresponde a fazer o bem socialmente. É uma evidência da abundante provisão de Deus. Que Deus nos torne um povo cheio de ternura, para a glória de sua transcendente auto-suficiência!
Extraído do livro: Uma Vida Voltada para Deus, de John Piper.
Copyright: © Editora FIEL
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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Por que ainda devemos fazer boas obras?

por Kevin DeYoung

PERGUNTA. Visto que fomos libertados de nossa miséria por Cristo, sem mérito algum de nossa parte, somente pela graça, por que ainda devemos fazer boas obras?
RESPOSTA. Certamente, Cristo nos redimiu pelo seu sangue. Mas devemos fazer boas obras porque Cristo, pelo seu Espírito, está também nos renovando à sua imagem, para que mostremos, com toda a nossa vida, que somos gratos a Deus por tudo que Ele fez e para que Ele seja louvado através de nós. E fazemos boas obras também para que, pelos frutos da fé, tenhamos a certeza de que nossa fé é verdadeira e para que ganhemos nosso próximo para Cristo, pela vida cristã que levamos. (Catecismo de Heidelberg, Pergunta/Resposta 86)
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Uma das objeções comuns para a visão cristã da salvação, especialmente para a expressão Reformada dela, é que a salvação somente pela graça e somente através da fé leva a licenciosidade moral. Se não podemos ganhar um pingo do i de libertação do pecado através de nossas boas obras, então por que fazê-las?
O Catecismo de Heidelberg dá cinco razões do por que aqueles que estão em Cristo ainda devem fazer boas obras.
Primeiro, devemos fazer boas obras porque o Espírito Santo está trabalhando em nós para nos fazer mais semelhantes a Jesus (2 Co 3.18). O mesmo Espírito que nos fez nascer de novo e nos capacitou a crer, também irá trabalhar para nos fazer santos (Rm 6.9-11).
Segundo, fazemos boas obras por gratidão (Rm 12.1-2). Isso não quer dizer que Deus nos salva e depois trabalhamos o resto de nossas vidas para recompensá-lo pelo seu favor (Rm 11.33-36). Ao invés disso, fazemos boas obras porque a maravilha de nossa salvação produz tamanha gratidão em nossos corações que temos prazer em servir a Deus.
Terceiro, fazemos boas obras para que Deus seja louvado pelas obras que fazemos em seu nome. “Nisto é glorificado meu Pai”, Jesus disse, “em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos” (Jo 15.8).
Quarto, fazemos boas obras para que tenhamos certeza de nossa justificação diante de Deus. A justificação é somente pela fé, mas a fé que justifica nunca está sozinha. Dando frutos, mostramos que somos uma árvore boa (Mt 7.15-20) e confirmamos nossa vocação e eleição (2 Pe 1.10).
Quinto, fazemos boas obras para adornarmos o evangelho (Tt 2.10) e assim torná-lo atrativo para os de fora (1 Pe 2.12).
Claramente, a Bíblia não é indiferente às boas obras. Cristãos que vivem em constante pecado sem arrependimento se mostram não serem cristãos verdadeiros. Claro, todos nós tropeçamos (Tg 3.2, 1 Jo 1.8). Mas existe uma diferença entre cair em pecado e pular com os dois pés dentro do pecado. Não importa o pecado – orgulho, difamação, furto, cobiça ou imoralidade sexual – se nos entregamos a eles e vivemos neles com uma alegre naturalidade, não herdaremos o reino de Deus. Colocando de forma simples, pessoas que andam dia após dia no mesmo pecado sem qualquer luta ou arrependimento vão para o inferno (1 Co 6.9-10, Gl 5.19-21, 1 Jo 3.14). Por outro lado, pessoas andando dia após dia na luz do evangelho e em vista de sua união com Cristo irão – imperfeita, mas verdadeiramente – aprender a fazer boas obras, serem bons e melhorar a cada dia.